Turquia detém 21 intelectuais que assinaram manifesto pela paz
15 de jan de 2016 - 08:16h A polícia turca deteve hoje (15) 21 intelectuais que assinaram um manifesto pedindo o fim das operações do Exército contra a rebelião curda.
Por determinação do Ministério Público, 21 acadêmicos foram detidos durante a madrugada e colocados sob custódia policial em Kocaeli, no Noroeste da Turquia, no âmbito de um inquérito sobre “propaganda terrorista” e “insulto às instituições e à República turca”, informou a agência de notícias oficial Anatolia.
Quase 1.200 pessoas assinaram segunda-feira (11) a “Iniciativa de universitários pela paz”, que reivindica o fim da intervenção das forças de segurança contra os integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), no Sudeste do país, de maioria curda.
No texto intitulado “Não seremos associados a este crime” é denunciado um massacre deliberado e planejado, em total violação das leis turcas e dos tratados internacionais firmados pelo país.
A petição foi assinada por intelectuais turcos e estrangeiros, caso do linguista e pensador norte-americano Noam Chomsky.
Em discurso nessa quinta-feira em Ancara, o presidente Recep Tayyip Erdogan disse que o grupo de universitários "colocou-se claramente no campo da organização terrorista [em referência ao PKK] e cuspiu o seu ódio sobre o povo turco”. Para ele, “os supostos intelectuais são indivíduos sombrios que não têm qualquer respeito pela sua pátria. Erdogan os acusou de traição.
Após mais de dois anos de cessar-fogo, as hostilidades entre as forças militares e policiais turcas e o PKK foram retomadas no verão passado, comprometendo as conversações de paz iniciadas em 2012 para pôr fim a um conflito que desde 1984 já deixou mais de 40 mil mortos.
Ancara lançou no mês passado uma ofensiva em que participaram cerca de 10 mil homens, apoiados por tanques e helicópteros, para desalojar os rebeldes em Silopi e Cizre, bem como no distrito histórico de Sur, em Diyarbakir, a grande cidade curda do país. Inúmeros civis foram mortos nesses combates, deixando a região em estado de guerra.
Dados divulgados pelo chefe de Estado turco mostram que mais de 3 mil integrantes do PKK foram mortos em 2015.