Protestos de grevistas e contra gastos com a Copa marcam dia
16 de mai de 2014 - 08:51h A quinta-feira foi marcada por protestos em várias cidades em um ato chamado Dia Internacional de Lutas contra a Copa, o 15M, em referência ao dia de ontem, 15 de maio. Os gastos públicos com a Copa do Mundo foram o principal alvo das manifestações, além das reivindicações de categorias que estão em greve.
Em São Paulo, cerca de 5 mil pessoas foram às ruas. Entre elas, professores em greve, pedindo por incorporação de um bônus complementar ao salário, a valorização profissional e melhorias nas condições de trabalho. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Simpeem). No ato, houve participação também de partidos políticos e movimentos sociais. Manifestantes e policiais militares (PMs) entraram em confronto e foram usadas bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Os confrontos começaram quando parte dos manifestantes começou a fazer pichações e tentou invadir uma loja. Após a ação policial, o ato se dividiu em vários grupos. Alguns seguiram o trajeto previsto e foram em direção ao Estádio do Pacaembu. Outros foram em direção à Rua Augusta, onde atearam fogo a sacos de lixo para fazer barricadas. Lojas e agências bancárias foram depredadas. A PM deteve sete pessoas suspeitas de danos ao patrimônio.
Em Brasília, cerca de 200 pessoas ligadas ao Comitê Popular da Copa, ao Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), a organizações sindicais e partidos políticos foram à Rodoviária do Plano Piloto distribuir panfletos e chamar a população para aderir aos protestos contra gastos com o Mundial e violações de direitos humanos durante a preparação do evento.
Os manifestantes da capital federal fincaram, em frente do Estádio Nacional Mané Garrincha, cruzes com os nomes dos operários que morreram durante as obras. Em Salvador, cerca de 50 manifestantes também carregaram cruzes semelhantes e se queixaram do gasto de dinheiro público nas obras para o torneio da Fifa. Em Belo Horizonte, cerca de mil pessoas foram à Praça Raul Soares protestar contra a tarifa de ônibus, investimentos na educação e reajuste para servidores da prefeitura.
No Rio de Janeiro, cerca de mil manifestantes caminharam até o prédio da prefeitura. Integrantes do Comitê Popular da Copa, atingidos pelas obras de preparação do Mundial, movimentos, partidos políticos e ativistas participaram do protesto contra violações de direitos humanos. Profissionais da educação que estão em greve acompanharam parte da passeata. Já os rodoviários, que encerraram a greve ontem (15), não se somaram ao movimento.
Os protestos foram organizados por meio das redes sociais. Os movimentos estão programando outros atos até a Copa do Mundo, com temas como saúde, educação, desmilitarização da polícia e direito das mulheres.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que as manifestações não assustam o governo. Segundo ele, os protestos são democráticos desde que os manifestantes não recorram a atos de violência, e os atos têm apresentado demandas sem relação direta com a Copa do Mundo. Os protestos, ressaltou Carvalho, buscam “muito mais se aproveitar da oportunidade e apresentar reivindicações que são legítimas, são naturais, mas que pouco têm a ver com a Copa”. A opinião é semelhante à do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que anteriormente disse que o foco das manifestações não é o torneio.
Mais tarde, Carvalho disse que o governo federal não vai mais apoiar nenhum dos projetos em tramitação no Congresso que aumentem as penas para crimes cometidos durante manifestações. “Essa é a nossa posição, nós vamos caminhar nessa perspectiva e temos confiança de que sairemos bem lá no final”, disse, que esclareceu que a posição do governo mudou após discussões internas e de consultas à sociedade.