As novidades e transformações na arte circense são a base da terceira edição do Circos – Festival Internacional Sesc de Circo, que começa amanhã (28). Nesta edição, o festival pretende discutir o momento favorável do circo no país, com mais especialização, profissionalização e envolvimento dos artistas.

A abertura é do colombiano Acelere!, no Sesc Pinheiros, às 21h. O espetáculo, dirigido pelo brasileiro Renato Rocha, celebra os contrastes da diversidade colombiana com números de acrobacia, equilíbrio e música.

Kelly Adriano de Oliveira, gerente adjunta de Ação Cultural do Sesc São Paulo, explica que o festival surgiu com o propósito de consolidar o trabalho com foco da arte circense já desenvolvida regularmente nas unidades da instituição desde 2010.

Além disso, ela destaca que é uma oportunidade para troca de conhecimento. “É um momento maior de reflexão, desse intercâmbio entre artistas daqui e de outros países, criadores, que estão olhando para esta linguagem em toda a sua heterogeneidade”, explicou. Nesse sentido, o evento terá workshops e laboratórios sobre a arte circense.

Ao todo serão 28 espetáculos, 15 deles internacionais, com 105 sessões espalhadas por 15 unidades do Sesc na Grande São Paulo. As apresentações acontecem até o dia 7 de junho. Das 15 companhias internacionais, 13 nunca estiveram no país: Acelere! (Colômbia), Cherepaka (Canadá), Clockwork (Suécia), Confusion (Suíça), Pals (Espanha), Última Aduela (Portugal), Extreme Symbiosis (Suécia), Circonferences(França), Pelat (Espanha), Barlovento (Argentina), B-Orders (Palestina), Braquemard#1(França) e Underart (Suécia).

Pela primeira vez, o festival recebe um representante do Oriente Médio: o casal palestino Ashtar Muallem e Fadi Zmorrod traz ao palco a ideia de quebra dos estereótipos. O nome do espetáculo, B-Orders (em inglês, borders, ou “fronteiras”), vem da experiência que os artistas tiveram quando estiveram em outros países e perceberam como as pessoas esperam certos comportamentos de quem é da Palestina.

Entre as especificidades da linguagem artística do circo, Carolina Garcez, assistente para circo na gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo, destaca as habilidades que o artista adquire com o próprio corpo. “Enquanto na dança e no teatro o artista representa, no circo, ele não tem como representar. Ele precisa ser. Ninguém representa ser acrobata, ele precisa dominar a técnica para executar a acrobacia, senão aquilo não funciona”, comparou.

Carolina cita como outra característica própria do circo, o risco. “O risco é intrínseco à criação artística do circo. Diferentemente de um atleta de esporte radical que quando executa a manobra está todo paramentado com equipamentos de segurança. O artista de circo, não. No momento em que ele começar a usar equipamento de segurança deixa de ser circo”, explicou.

Ela lembra que os artistas do circo ao apresentarem “o maior espetáculo da Terra” mostram-se quase como semideuses. “Tem mais força, flexibilidade maior, então essa é uma das especificidades”, exemplificou. Ele acrescenta que habilidades como equilíbrio, acrobacia, contorção, manipulação de objetos, dispostas em uma narrativa fantástica constroem a magia do circo.

Fonte: Agência Brasil