Oposição e imprensa questionam governo americano após declarações de Obama
30 de set de 2014 - 09:05h A imprensa e a oposição nos Estados Unidos questionaram a capacidade do serviço de inteligência depois de o presidente Barack Obama ter reconhecido que os Estados Unidos subestimaram o crescimento do grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI), no último domingo (27). Nessa segunda-feira (29) a Casa Branca tentou amenizar o clima após as declarações, que também teriam gerado um mal-estar entre os funcionários do Serviço de Informações.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, assegurou que o presidente “confia” nos profissionais que o informam o que se passa na área, acentuando que “o seu conselho e as suas informações têm sido fundamentais para o êxito no combate à ameaça do grupo”.
Earnest disse que o país conhecia a ameaça do EI, mas que "todos teriam avaliado mal" a capacidade do Exército iraquiano de lutar. "Foi com surpresa que constatamos o êxito do grupo nos ganhos de território no Iraque", acrescentou em conversa com a imprensa.
Em outra frente de defesa, o diretor da Inteligência Nacional, James Clapper, disse ao jornal Washington Post que seus analistas tinham informado a destreza e capacidade do grupo. Ele admitiu, porém, que, à semelhança do ocorrido na guerra do Vietnam - na luta contra os vietcongs - o "inimigo foi subestimado".
"Não fomos capazes de prever a sua vontade de lutar, o que é imponderável”, acrescentou.
As declarações de Obama muniram analistas e senadores que, ontem (29), disseram já ter "avisado" ao governo. O senador republicano John McCain disse estar “desconcertado” pelas declarações do presidente, uma vez que, em várias ocasiões, houve alertas no Congresso. "Durante mais de um ano, falamos do perigo representado pela expansão do EI na Síria", declarou à imprensa.
Para o porta-voz do Pentágono, almirante John Kirby, “as informações são algo muito difícil” e podem ser classificadas como “uma arte, mais do que uma ciência”.
Kirby destacou que “o surpreendente, sem dúvida, do ponto de vista militar, foi a rapidez com que o EI se deslocou para Mossul durante o verão, a rapidez com que avançou para o Norte, bem como a forma como quatro ou cinco divisões iraquianas se esfumaram”.
O governo americano apresenta números sobre a ofensiva iniciada. O Pentágono informou que a Jordânia, Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Catar fizeram 23 ataques aéreos na Síria e os Estados Unidos, 66.
O governo Obama recebe críticas em sua política externa. Alguns analistas avaliam que a gestão dele é "lenta" na capacidade de reação. Quando lançou o plano para combater o grupo, na véspera do 11 de setembro, o presidente americano também tentava dar uma resposta às críticas e à sociedade, dois meses antes das eleições legislativas.