Começou na manhã de hoje (10) o julgamento do policial militar acusado de participar do assassinato de três jovens em 2006, na série de assassinatos conhecida como Crimes de Maio. O Tribunal do Júri, no Fórum de Santana, zona norte da capital paulista, começou o com a oitiva de duas testemunhas protegidas. A imprensa aguarda na parte de fora.

De acordo com Débora Maria, coordenadora do Movimento Mães de Maio, o júri do assassinato de Murilo de Moraes Ferreira, Felipe Vasti Santos de Oliveira e Marcelo Heyd Meres foi o único, entre centenas, a não ser arquivado. Segundo ela, o policial militar julgado hoje é o primeiro acusado a responder pelos homicídios. "É gratificante mostrar que o novelo de lã está sendo desenrolado. Os Crimes de Maio são uma história que não foi contada, foi acobertada pela Copa do Mundo [naquela época] e só restaram as lágrimas e a perda dos nossos filhos. O Estado tem que dar uma resposta a essas mães."

Em 2006, os ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra policiais militares e civis desencadearam, segundo especialistas e militantes de direitos humanos, uma reação de grupos de extermínio com a participação de agentes do Estado. O Movimento Mães de Maio, surgido à época, calcula que 500 pessoas, principalmente jovens negros, foram mortas na periferia da capital paulista e na Baixada Santista. "Nossos filhos pagaram por uma guerra que não era nossa, que acontece até os dias de hoje. E não houve punição, mas a gente exige que essa punição aconteça", lamenta Débora.

Os três rapazes assassinados estavam conversando em uma esquina no Jardim Brasil, zona norte da capital, quando homens em uma motocicleta ordenaram que eles se recolhessem, conta ela. "Os meninos pensaram que era brincadeira. Eles voltaram muito rápido para matar, deram a ordem avisando que [eles] iam morrer", disse Débora. "Não houve investigação. Os Crimes de Maio não tiveram perícia. E a agente está aqui para combater isso."

Fonte: Agência Brasil