Resíduos do Itaquerão devem duplicar com a Copa, estima Cata Sampa
23 de jun de 2014 - 08:59h A Rede Cata Sampa, grupo de cooperativas responsável pela coleta de material reciclável na Arena Corinthians (Itaquerão), espera quase duplicar a arrecadação de resíduos durante a Copa do Mundo. De acordo com Roberto Rocha, coordenador do Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável, o volume mensal que chega diretamente ao galpão da rede fica em torno de 50 toneladas. “Acredito que até o final [dos jogos], com esse pico que estamos tendo, devem chegar quase 100 toneladas”, estimou. O cálculo exclui o material que chega já separado pelas cooperativas. Ele avalia que esse incremento deve aumentar de 5% a 10% o faturamento de cada uma das 20 cooperativas que compõem o grupo.
Desde o início do mês, quando começou a funcionar o trabalho em parceria com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), as cooperativas arrecadaram 20 toneladas de resíduos. “Nos dias de jogos, conseguimos de cinco a seis toneladas”, relatou. Segundo Rocha, os materiais mais comuns que chegam dos estádios são latinhas de alumínio e papelão. “A maior parte é latinha. Esse é um dos materiais com maior valor agregado, e a gente consegue ter um bom retorno”, explicou. A cada partida, trabalham em torno de 50 catadores. Nos dias normais atuam de 15 a 20 recicladores.
Além da venda do material coletado, cada catador recebe uma diária de R$ 80. “Eles também recebem alimentação e transporte”, informou Rocha. O custo operacional também fica a cargo da Rede Cata Sampa, por meio do contrato firmado com a Coca-Cola, empresa responsável pela gestão dos resíduos nos estádios da Copa do Mundo. Um caminhão com motorista, por exemplo, tem diária de R$ 500, segundo o coordenador. “O volume arrecadado agrega ao processo, mas o trabalho em si já é remunerado”, explicou.
O coordenador acredita que a parceria está sendo importante para profissionalizar ainda mais o trabalho dos catadores. “Pela primeira vez, estamos com uma parceria deste tamanho, que é a Copa do Mundo. Isso é um espelho para o mundo”, apontou. Rocha relatou que eles estão, inclusive, recebendo visita de delegações estrangeiras. “Isso repercutiu em outros países”, declarou. Ele destaca que o grupo de catadores foi treinado também para fazer um trabalho de educação ambiental. “Não temos o idioma, se tivéssemos seria ainda melhor, mas na medida que conseguimos, orientamos as pessoas. Isso garante que venha um material já separado”, acredita.
Rocha explica que o trabalho da Rede Cata Sampa, que reúne atualmente 540 catadores no estado paulista, ajudaa fechar parcerias com grandes empresas, a exemplo do que ocorreu no Mundial. “Temos um galpão em Jundiapeba [distrito de Mogi das Cruzes, a 60 quilômetros da capital] e de lá esse material vai direto para as indústrias” apontou. Ele destaca que isso ajuda a comercializar o que é produzido por cada cooperativa. “Juntos, a gente consegue volume, qualidade e atingir grandes mercados”, apontou.